Primeira Igreja Evangélica
Congregacional de Caruaru
O início do congregacionalismo brasileiro
As igrejas evangélicas brasileiras de governo congregacional encontram suas raízes no labor evangelístico do Dr. Robert Reid Kalley e da sua esposa, a Sra. Sara Poulton Kalley, com quem veio a casar-se em dezembro de 1851. O casal passou os anos de 1853 e 1854 nos Estados Unidos, onde se refugiavam suas ovelhas madeirenses, alcançadas pelo Dr. Kalley em seu frutífero trabalho na Ilha da Madeira. De volta à Inglaterra, em 1854, dali saíram ao Brasil, partindo de Southampton, em 9 de abril de 1855, e chegaram ao Rio de Janeiro em 10 de maio de 1855, às cinco horas da manhã.
No dia 19 de agosto de 1855, a Sra. Kalley, na tardinha daquele domingo, iniciou a classe de escola dominical, inaugurando a escola bíblica mais antiga da América do Sul de que se tem notícia. Na ocasião, D. Sara e cinco alunos, filhos de famílias inglesas, leram a história de Jonas, no Antigo Testamento, e cantaram hinos a Deus. O casal Kalley trabalhou no Brasil até 1876, momento em que retornou definitivamente à Escócia.
O Dr. Kalley veio a falecer em 1888. A Sra. Sara Kalley permaneceu empenhada nas missões evangélicas brasileiras e, para fomentá-las, em conjunto com o Rev. Fanstone, então pastor da Igreja Evangélica Pernambucana, criou a missão Help for Brazil, em 1892.
Os primeiros missionários da Help for Brazil foram trazidos por Fanstone nos anos de 1893 e 1894. Charles W. Kingston foi um desses obreiros, homem a quem se deve o labor infatigável de haver trazido para Caruaru a pregação do evangelho de Jesus Cristo, cujos esforços resultaram no surgimento da Primeira Igreja Evangélica e Congregacional da cidade.
Os primórdios da Primeira Igreja
O Rev. Kingston e a sua esposa, a Sra. Ida Batchelar Kingston, começaram suas primeiras investidas em Caruaru nos idos de 1897. Os frutos não tardaram a ser colhidos. À Missão, chegavam notícias de que os cultos dominicais, que ocorriam na casa dos missionários, eram bem frequentados. Outros se achegavam por meio da distribuição de remédios, da qual Kingston fazia uso, e das peças de roupas confeccionadas por D. Ida.
Havia luta incessante para que, finalmente, os protestantes deixassem a cidade. Kingston e Ida fitaram a morte de perto algumas vezes. Tiveram sua casa invadida e seus livros e Bíblias queimados outras tantas. Até que se viram obrigados a deixar o campo missionário que tanto amavam. Nada obstante, deve-se destacar, o pequeno rebanho permaneceu firme na fé que abraçara.
Além do Rev. Kingston e da Sra. Ida, temos dívida impagável com outro missionário da Help for Brazil, o Rev. Alexander Telford. Junto com Kingston, Telford mantinha correspondência com Caruaru e fazia constantes visitas ao rebanho.
O mártir da Igreja e a “Liga contra os Protestantes”
Era uma manhã de domingo, 3 de novembro de 1901. José Antônio dos Santos havia dito à sua esposa que vestiria sua melhor roupa, “pois aqueles que vão à Casa de Deus têm que se apresentar bem”. Telford relatou, em 8 de novembro, que “no caminho para o culto, num pequeno vale, alguns homens armados atacaram o grupo. O jovem conseguiu escapar deles, como também a mulher; mas o pobre de nosso amigo perdeu a cabeça e correu para o mato (...) e ali mesmo caiu, seu coração furado pela faca do assassino”.
O fato foi fortemente noticiado pela imprensa! Três dos verdadeiros assassinos foram rapidamente capturados. E, com a permissão do tenente da polícia para visitá-los, Telford registrou que ficou “muito comovido enquanto falava algumas palavras com o homem que matou o crente, pois a verdadeira intenção era me matar (...). O pobre do José estava tão bem vestido que os assassinos pensaram que fosse eu, e voltaram à cidade, avisando àquele que os havia enviado que tinham seguido suas instruções, matando o inglês”.
Outro golpe duro veio a seguir. No dia 7 de outubro de 1902, foi criada a Liga católica romana contra os protestantes. A imprensa encarregava-se de publicar constantemente artigos que denegriam e caluniavam a fé evangélica. No dia 20 de fevereiro de 1903, o jornal “A Província” noticiou: “Bíblias serão queimadas pelos monges em praça pública defronte do templo suntuoso da Igreja Nossa Senhora da Penha, no domingo 22 do corrente, após a sessão solene da Liga Contra os Protestantes. Todos da Nova Seita são convidados. Uns 200 volumes da Bíblia Protestante serão queimados, não por ser essa a Palavra de Deus, mas por ter sido ela falsificada, mutilada e adulterada”.
Nada obstante, a Primeira Igreja crescia e, já no último quartel de 1904, a Liga Católica dava claros sinais de fraqueza. A perseguição aos crentes e o fortalecimento da igreja andavam lado a lado. Não há dúvidas quanto a isso: o sangue dos mártires é a semente da Igreja!
Outros obreiros que nos abençoaram e o pastor atual
Além de Kingston e Telford, a Primeira Igreja contou ao longo da sua trajetória com o labor de diversos obreiros valorosos. Pedro Campelo prestou valiosa assistência à igreja em Caruaru antes de assumir o pastorado da Igreja Evangélica Pernambucana. James Howie Haldane, o último missionário a ser enviado pela Help for Brazil, enquanto pastor da Igreja Pernambucana, fez diversas visitas a Caruaru nos idos de 1911 e 1912, tendo inclusive organizado a igreja em cerca de 1920.
A organização da escola dominical da 1ª. Igreja nasceu pelos esforços de Clímaco Ximenes, que labutou em Caruaru entre os anos de 1915 e 1916. Hermenegildo de Sena, então pastor da igreja em Jaboatão, com a saída de Ximenes, deu assistência à Primeira Igreja, com inúmeras visitas, entre 1918 e 1920.
Devemos o início da construção do nosso templo ao Rev. Thomas Duncan, escocês e missionário da U.E.S.A. (União Evangélica Sul-Americana, a missão sucessora da Help for Brazil), que chegou a Caruaru em 1925. Duncan estimulou a obra da construção, conseguindo convencer alguns irmãos a devotarem-lhe dois dias de serviço por semana.
Marian Frost, mais conhecida como May, é outro nome que a Primeira Igreja não pode esquecer. A missionária inglesa desafiou a cultura da época e em diversas ocasiões adentrou ao sertão montada em uma mula para pregar o evangelho. May frost faleceu no dia 8 de janeiro de 1924 e foi sepultada no cemitério São Roque.
O Presbítero Manoel Andrade dirigiu a Primeira Igreja de 1924 a 1932. Foi ele quem dirigiu a assembleia que o elegeu Forsyth como pastor da igreja e deu posse a esse obreiro. Bannister Forsyth, outro obreiro da U.E.S.A., sucedeu Duncan, sendo eleito co-pastor em 14 de fevereiro de 1930 e assim permanecendo até 1932, ocasião em que se transferiu a Recife para dirigir o Instituto Bíblico de Recife.
Oliver Thonsom, também missionário da U.E.S.A., substituiu Forsyth em 16 de junho de 1932 e liderou o trabalho até agosto do mesmo ano, indo, em seguida, evangelizar outras terras. Thonsom foi substituído por Luiz Regis, que dirigiu a Igreja de outubro de 1932 a maio de 1933, que, por sua vez, cedeu lugar a Charles Glass, que liderou a Primeira Igreja entre junho de 1933 e agosto de 1934.
A Primeira Igreja elegeu ao pastorado o reverendo Júlio Leitão de Melo em 12 de agosto de 1934, mister que exerceu com grande impacto por quase 20 anos. Em janeiro de 1954, Edgard Leitão de Albuquerque, filho mais jovem de Júlio, assumiu o pastorado da Igreja para realizar um ministério de 31 anos, até 1985. O Rev. Edgard Leitão foi substituído por seu filho, Júlio Leitão de Melo Neto, em 1985, que pastoreou a Primeira Igreja até 1995.
O Rev. Maurílio Morais da Silva, outro filho da casa e, hoje, pastor da Igreja Congregacional Monte Sinai, foi pastor interino da Primeira Igreja de junho a novembro de 1995. Após esse período, foi eleito o Rev. Marcos Quaresma de Araújo, que pastoreou a igreja até 25 de novembro de 2007.
Após esse período, a igreja ficou sob a direção do presbítero Valdir Durval de Melo, batizado pelo Rev. Júlio Leitão Neto em 5 de setembro de 1992. Sempre comprometido com a Primeira Igreja, o presbítero Valdir é conhecido por sua retidão, sabedoria e amabilidade.
O pastor atual da Primeira Igreja é o Rev. Ary Queiroz Vieira Júnior, que a assumiu em 10 de agosto de 2008. Ele é casado com Cíntia Queiroz e pai de Ary Neto, Mila, Matheus e Alícia. É formado em teologia pela A.B.E.C.A.R, de Mogi das Cruzes, e em Direito, pela ASCES-UNITA, além de exercer o cargo público de Oficial de Justiça na cidade de Gravatá.